segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Ainda chove*

Olá, fantasmas.

Curiosamente coincidindo com a última postagem, aqui estou novamente depois de mais três anos, em fevereiro de 2017. E as notícias... contrariam minha conclusão do último post. Eu posso parecer ingrata dizendo isso, mas é a minha impressão e o meu sentimento. Para falar a verdade, só reli meu último post mesmo, o de 2014, fiquei com um pouco de preguiça de ler as "viagens" anteriores. Mas confesso que esse post me tirou uns risinhos por me lembrar de uma(s) mulher(es) que eu já não sou.

"Amor da minha vida", "alma gêmea". Ha ha ha. Cinco meses depois de escrever isso, tudo foi pro brejo. Hoje não alimento ressentimentos ou mágoas, mas demorei MUITO pra superar meu primeiro fim de namoro. E até hoje foi o único que tive. Ainda fico triste quando lembro de algumas coisas, mas triste comigo mesma. E também quase não choro mais por isso. Entretanto, como eu disse, eu demoro demais para superar amores e, depois dele, eu tive mais dois.

O meu melhor amigo hoje (e me encontro quase sem amigo nenhum), que me ajudou sem saber de forma imensa a superar o término, foi o primeiro deles. E é claro que eu quebrei a cara várias vezes acreditando no que não existia: isso se tornou bem típico de mim. Mas ainda bem que hoje, uns dois anos depois, acredito ter superado essa ilusão a mesmo nível da superação do término, ou seja, quase já não choro mais por isso.

Todavia, eu choro quase todos os dias, nesse 2017, e bastante chorei em 2016. Fico triste demais comigo por ter me deixado levar intensa e rapidamente desta vez e, mais uma vez, ter acreditado no que não existia. O segundo EMBUSTE apareceu e ficou por três meses somente, mas o suficiente pra me quebrar completamente por dentro, e olha que em 2016 eu já não estava lá essas coisas (ainda vou falar disso - como a idiota que sou, "amor" precisa vir em meus primeiros parágrafos). Foi como se até certo ponto eu vivesse todos os meus dias em uma tristeza entorpecente e, desde que ele apareceu, o torpor ruim foi substituído por um torpor bom, de felicidade, como se eu tivesse sem respirar e do nada inalasse gás hélio. (??????) Estúpida.

Mas acabou o que eu pensava estar começando e eu chorei e choro ainda, bastante. No entanto, sei que vou superar o já calejado coração partido. Sem pretensão de parecer experiente, mas só eu sei o que e quanto eu senti e sinto. E aí entra o meu 2016 e seus antecedentes e posteriores.

Eu passei no vestibular no fim de 2014/início de 2015 e, tentando vencer toda aquela indecisão sobre o que fazer, escolhi por volta das 23:30 do último dia da inscrição, História na UFF. E eu fui, de peito aberto, encarando as horas e as dezenas de quilômetros de distância, as resmas de textos pra ler e o cansaço do mundo acadêmico: ele nos suga a todos. Passei o 2015 nessa rotina, mas, vocês (quem?) sabem, todas essas palavrinhas aqui, todo esse blog e todos os meus escritos à caneta (sim, eles persistem e ainda são minha preferência; sombrios como sempre, depressivos e a cada dia mais derrotistas e suicidas, infelizmente) são reflexo de alguma(s) desordem(ns) mental(ais) que eu provavelmente tenho. Hoje tenho consciência disso, nada diagnosticado porque não tenho - desculpem a expressão - cu de levantar e ir ao psicólogo ou ao centro espírita ou o que for. E nem entrarei no mérito de "romantização de desordens mentais" porque, sério, só alguém completamente sem noção nenhuma do que é sentir essa merda que eu e muitas pessoas sentem pra QUERER ter isso. Não estou me autodiagnosticando, mas é meio impossível não perceber que há algo. Até em encosto eu já falei. Enfim.

Passou o 2015, chegou o 2016. De lá até lá, houve um ~rolo com um menino da minha sala. Óbvio que fracassou: ele tinha namorada. O interessante é que ele só lembrou disso depois que me beijou. Chorei mas parei. Enfim. Com o 2016, veio meu trancamento de matrícula. E não, não fiz isso por causa do cara, mas sim porque as coisas estavam ficando ruins demais aqui dentro pra eu ainda ter a responsabilidade de lidar com as daqui de fora. O mundo universitário jogou mais terra em cima da minha sanidade mental, só isso. Tudo já veio de antes, eu já me cortava na pré-adolescência e sempre vivi cada centímetro de vida com a maior intensidade que pôde existir dentro de mim, mesmo que eu não quisesse ou não transparecesse isso. Aconteceu que ao invés de ficar melhor durante esse "ano sabático", piorei e vivi o pior ano da minha vida. Só chorei, entrei em tormentos intraduzíveis e ganhei sonhos frequentes que ultrapassam a alcunha de "pesadelos". E agora em 2017, com a ajuda do último embuste, desenvolvi aquelas veeeelhas crises e, como pokemóns, elas evoluíram e me fazem pensar em morrer, pensar que estou enlouquecendo; nelas, eu realmente sinto a perda de controle sobre tudo (o que eu já sinto diariamente, só que mais intenso), sobretudo da última coisa que penso ter controle: meu corpo. Ele treme e implora por um basta, que é pedido inconsolavelmente pela minha alma.

Mês que vem eu vou voltar pra faculdade. A sensação que tenho é a de que não vou aguentar o rojão e vou acabar estragando tudo de novo, desistindo, levando uma vida sem rumo que não me carregue à nenhuma carreira, a nenhum sucesso realmente satisfatório pra minha alma, e não pro meu ego; provavelmente eu vou terminar esperando a morte da bezerra (quando a bezerra sou eu), ou adiantando-a, e levarei uma vida sozinha, solitária, virgem de tudo e em todos os sentidos. Uma vida fria como eu achava bonito ser.

Achei intrigante como no post de 2014 eu disse que a coisa que mais gosto é a tranquilidade. Eu não lembrava nunca de ter dito isso ou pensado assim. Nem lembro de um dia em que já fui tranquila. Hoje parece que todo esse torpor sempre me acompanhou, desde que saí da minha mãe. Mas os meus risinhos me mostram que não. Eu já fui outra pessoa e hoje sou outra e ainda posso ter chance de ser ainda outra. Só não sei como e quando e porquê. Mas, assim como terminei o último post, espero escrever aqui de novo depois de um tempo e, sejamos pouco exigentes, um pouco menos pior do que estou hoje, com menos terra.

Pra terminar esse texto de um modo menos soturno, no meio do ano passado realizei um grande desejo, que tem me ajudado bastante a não passar os dias inteiros chorando e ruminando autodestruição: adotei um gato! E eu o amo tanto que nem sei!

*Uma referência à analogia entre chuva e sofrimento.